domingo, 29 de maio de 2011

Mãe

O que há de errado em se assumir a imundície humana?
Quando nos disseram o que somos
Esqueceram de assentir o nosso caos

Caos.

Eu cansei de buscar respostas
Agora sou um andarilho questionando o mundo
Uma semente sem chão, um grão de vida ao vento – Talvez.

Mãe, você pode me ouvir?

Simplesmente dizer “cresci” soa menos infantil para você que estúpido para mim?
Eu sou o caos. Eu sou a dor do teu parto.
Eu sou aquilo que de ti saiu.

Ora engolfado no mundo,
Ora revolto em suas próprias ondas.
Mãe, eu sou a dor em suas veredas.

Hoje deixo aqui o meu brado infantil, ocre e ingênuo.
Permito a mim continuar.
Mesmo olhando para trás e só vendo dores travestidas
Sonhos encobertos e palavras nunca ditas.

Me perdoe, uma vez mais – mãe – pelo pecado de pensar.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Flor



Minha demora com a vida é algo intransigente
Sou parca, semelhante à nudeza da flor
Complacente e recolhida

Contudo, me faço toda a dor de um momento ou outro
Quando julgo necessária a contemplação

Tenho espinhos.
E eles ferem – quase sempre sem querer
Um ou outro pássaro que me beije

Preciso de luz como qualquer outra
Mas é na escuridão que se esconde o meu fascínio

Minhas pétalas pequenas
Transmitem como podem
A imagem do que sou

Mas há dentro de mim algo bem mais precioso
Não o corpo, não o ouro, não –  Chamo alma – meu mais perfumado tesouro.