segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Chuva

Olhando a chuva, cada gota que cai, vou me perdendo em seu teor gradativo de vida, e de morte; é ela quem nasce, vive e morre – tão instantaneamente foi-se quanto veio – a gota. E eu ali, diante de todas elas, a espreitar.
E a vida segue intacta, tanto quanto pôde reconhecer em sua existência. Também ela nasce e cai, e morre. E eu permaneço ali, como figura incauta, perene em sentimentos, a inda a espreitar.
Ora, bastaria sentir! E uma só, das tantas gotas, almejaria o céu para todo o sempre. Bastaria sentir...
E vós? Ignorantes, seres capazes, porém insossos! São tantos os que correm da chuva! E não reconhecem o princípio de todas as coisas, presente cercado do teor transparente que é aquela lágrima que perdura incessante, diluindo o céu.
Vai, vai e corre! Continue incrédulo diante da chuva! Não pare, não veja, não sinta! E em breve, serás também tu, só mais uma gota no mundo, ou só mais uma lágrima no sal da Terra, imensa, que gira e gira, e não faz nada além de chover.

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